Em latim Ego designa a ideia do Eu, portanto a identidade... A forma como Eu me vejo perante no mundo no qual me insiro. Socialmente a existência do Eu é essencial pois confere sentido espacial e temporal.
Com o que me identifico e não identifico o que quero e não quero, o que estou disposto ou não a fazer... Onde estou e para onde vou, a nossa identidade é também o ponto de partida para haver um propósito, pois sem identidade não há onde começar...
Portanto o Ego é estruturante para a vida individual e social. É o que nos define perante nós mesmos e perante os que nos rodeiam.
Onde se situa a ambição nesta realidade?
A ambição manifesta um destino, uma direcção. Esta acontece quando o Ego assume uma conquista, seja ela material ou imaterial. A ambição é a manifestação do desejo do Ego em adquirir algo em falta, em saciar uma carência, mesmo que a ambição se fixe na eliminação de uma qualidade...
Como pode a ambição revelar uma insatisfação, uma carência?
O indivíduo que tudo tem, nada precisa... Aquele que tudo fez, nada precisa fazer...
Será a ambição um sinal de doença? Não forçosamente. Se a ética supervisionar o Ego, não há qualquer problema, pois a ambição não irá corromper as Verdadeiras necessidades da Alma.
Será então a letargia um sinal de Ego domado e satisfeito?
A letargia ou apatia é também ambição, ambição de nada fazer... Quando há resistência em fazer algo, significa que o Ego nos pede para não fazer, pois ele nos pede para estarmos parados, inertes. Isto pode acontecer pelas mais diversas razões.
Quanto maior a ambição maior o Ego?
Creio que quanto maior a identificação com algo ou alguma coisa, maior a probabilidade de ambicionarmos algo. Por vezes a ambição mascara-se de apatia, capacidade de trabalho, obsessão pela estabilidade... Em qualquer uma das formas ela tende a ser maior quanto maior o Ego.
Se por outro lado o Ego estiver simplificado e reduzido à sua forma mais primária, não resta muito espaço à ambição...
Mas se não há grande identidade...
Bem se não há grande identidade isso pode acarretar num problema, sobretudo social. Quando as pessoas não nos conseguem definir, não nos compreendem... Quando não nos compreendem tendem a "cancelar-nos".
Já do ponto de vista individual isso pode ser bastante interessante. Quando o Ego se mantém singelo, havendo um sentimento de identidade menos forte, há naturalmente uma completude maior, porquê?
A identificação é discriminação, separação. Se sou uma coisa, não sou naturalmente outra. Se gosto do verão e do calor é porque desgosto do inverno e do frio...
Menor identidade, individual, convida a uma união progressivamente maior com tudo o resto. Se retirarmos as fronteiras de um país então ele une-se ao seu vizinho, se uma pessoa deixar de se identificar como um trabalhador afincado, ou um estudioso ou outra coisa qualquer, ele simplesmente É. Ele existe, Ele vive, Ele experiencia sem discriminar, sem discriminar as experiências que vive e sem as condicionar. Ao vivê-las de forma pura e sem intervir no que a vida lhe oferece, a experiência torna-se vívida e real, sem criar expectativas por não discriminar nem condicionar o que lhe acontece, não existe ilusão ou desilusão.
Mantendo o Ego no seu estado primário, a ambição na sua fase embrionária, o Eu vive livre do impulso do Ego, que pode condicionar a experiência da vida. Vivendo sem o condicionamento do Ego, a entropia desaparece e aí, o crescimento torna-se, talvez, mais real.
A ambição não é má nem boa, é fruto do Ego.
O Ego não é bom nem mau, é identidade.
A identidade não é boa nem má é discriminação.
A discriminação é simplesmente separação.
A separação é o oposto na união.
Apenas na união a experiência pode ser completa...



