A palavra,
forma comunicativa à qual atribuimos maior valor é no entanto a menos clara.
Perdemo-nos em palavras e ideias na tentativa de mostrar o que reside dentro de nós, em passar para o outro a imagem que retemos do exterior. No entanto e no meio de tanta palavra, o outro não desenha na sua mente o mesmo quadro. Pois o valor da palavra é diferente de um para outro e por isso, cada um retira a sua própria ideia de um acontecimento, comportamento ou experiência.
Ao usar a comunicação verbal devemos então ser muito cuidadosos na seleção da palavra, tendo em conta a situação, o ambiente cultural, o que o outro nos é e o que a ele queremos partilhar.
Para além do que o outro retém de determinada palavra, esta não carrega apenas um sentido previamente atribuido. A palavra transporta a nossa ideia, a nossa intenção mais profunda, a nossa motivação ou razão para a transmitir.
A palavra é como um carro, tem uma forma, uma cor e um desígnio, mas contém dentro de si muitas coisas que por vezes não conseguimos ver.
Então, antes de proferir uma palavra, desde logo ponderada, devemos entender qual a nossa motivação para a lançar a quem nos faz face. Até que ponto a minha motivação é sincera e necessária. Daremos muitas vezes conta que não é.
Muitas vezes a motivação que se encontra escondida é apenas um capricho egoista para nos elevar a razão ou a autoestima e, em nada oferece ao outro do que o outro pode eventualmente esperar.
Por isso o sábio é, também, aquele que fala pouco. E quando fala, usa a palavra correcta e aberta... Aberta quer dizer que transmitindo a ideia em parcas palavras, essa ideia vai crua. O sabio oferece esse presente para que o ouvinte o abra.
Abrir é tirar o seu próprio entendimento das coisas pois na realidade todo o Ser tira o seu próprio entendimento.
Em jeito de conclusão ou de início para outras conversas;
o silêncio é a maior expressão da paz de espírito
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