O Manuel, embora de tenra idade e com apenas 11 meses, é um inato explorador da capacidade humana. Um sociólogo nato, estuda o comportamento das pessoas e como estas reagem, provocando-as, brincando e rindo. Em todo o momento ele explora as relações humanas em toda a sua dimensão.
Em conjunto, o José e o Manuel decidiram desenvolver um projecto, tendo como base de estudo os seus pais. O projecto é o da resistência humana. Até que ponto o ser humano aguenta. Será que ele quebra? O que faz o ser humano resistir, persistir, o que o agarra à vida? Será o comportamento humano coerente?
São estas as perguntas que o Manuel e o José esperam ver respondidas no estudo elaborado.
Ambos possuem uma metodologia própria.
Manuel - O Manuel possui o dom da interação, é-lhe muito fácil obter reacção por parte dos adultos e por isso este estudo apresenta-se como facilmente exequível. Ele tenta entender porque as pessoas reagem rapidamente a um sorriso a uma risota, porque é que o ser humano rapidamente se rende a uma reacção desta natureza por parte de uma criança. As pessoas parecem estasiadas com tais reacções. Estranho pois as pessoas aparentam ter nas suas vidas desafios, aparentemente complicados, que rapidamente esquecem nestes momentos. É possível que sofram de problemas de memória…
Ainda mais estranho quando a reacção é diametralmente oposta. Quando o Manuel decide chorar, berrar ou espernear a reacção dos humanos é muito diferente, especialmente dos pais. Os humanos aparentam ter um comportamento nervoso e instável. Eles parecem tentar manter a calma mas o Manuel denota que é um comportamento forçado. Eles não estão felizes nem serenos como quando ele ri, brinca e sorri. O manuel tenta entender se há uma relação com as horas do dia e facilmente percebe que de noite os seres humanos, baseado no comportamento dos seus pais, ficam seriamente alterados aparentando um descontrolo nunca antes visto. O manuel desconfia que os humanos se alteram durante a noite pois estes reclamam uns com os outros em vez de se abraçarem e confraternizarem como fazem durante o dia. Ele desconfiam que a ausência de luz natural afecta o comportamento humano sendo, provavelmente, a principal razão para tal descontrole.
Estranhos estes humanos que são uma coisa durante o dia e outra durante a noite
O estudo continua…
José - Já o José está apostado em perceber até que ponto os humanos são fieis, honestos, coerentes e sérios. O José quer entender o porquê das regras que estes decidem impor e se realmente existe uma razão para elas. Os humanos decidem impor determinadas coisas como é o caso das horas das refeições ou do banho ou a restrição de bolos e gelados quando estes podem dar tanto prazer às crianças. Será que os adultos não suportam ver as crianças felizes? Será isso então a inveja?
O José não entende como os seres humanos podem ser tão crueis, negando a satisfação a uma criança so porque assim o decidem fazer. Para além disso os humanos também parecem não estar muito seguros de si, pois os princípios e imposiçoes nem sempre parecem ser claros aos olhos do José. Por isso decidiu testar os mesmos, para entender até onde vai este comportamento dos humanos. Para isso desenvolveu algumas estratégias.
Por vezes o José faz pedidos de forma repetitiva para ver qual o comportamento das pessoas. O comportamento é muito aleatório e varia de pessoa para pessoa, no entanto verifica um padrão. Regra geral os avós não se chateiam tanto nem se enervam. Eles facilmente acedem às suas pretensões porém nem sempre. E quando não o fazem, está sempre relacionado com os pais. Em relação a estes, o José verifica uma diferença entre o pai e a mãe. O pai é austero e rapidamente levanta a voz sempre que o José insiste com um pedido que não é acedido. Ele não entende que a razão pela qual o José repete o pedido, não se deve a problemas auditivos mas sim a questões puramente científicas. O pai explica a sua restrição e não negoceia e não admite que o José volte a repetir o pedido.
Já a mãe por vezes é paciente, por vezes não. Muitas vezes não acede aos seus pedidos, outras vezes hesita e acaba por ir ao encontro do que pede. É mais macia e ponderada, conclui.
Já a mãe por vezes é paciente, por vezes não. Muitas vezes não acede aos seus pedidos, outras vezes hesita e acaba por ir ao encontro do que pede. É mais macia e ponderada, conclui.
Outra estratégia que o José usa para entender o comportamento humano é o de disparatar. Por vezes começa a espernear e a choramingar subitamente. Desta forma espera ver o que acontece.
Mais uma vez as reacções são distintas de pessoa para pessoa. Os avós às vezes ficam assustados e tentam perceber o que se passa, parecem preocupados. O pai mais uma vez frio e duro, rispido e parece não se preocupar com o José. A mãe é carinhosa e procura confortá-lo, mas às vezes irrita-se muito com ele.
O José tenta também entender se os humanos são participativos, então ele pede constantemente ajuda nas suas tarefas, para ver até que ponto eles são altruistas. O José já sabe fazer muita coisa sozinho, praticamente tudo, mas em sacrificio do estudo ele abdica dessa independência para analisar o comportamento humano. Então ele pede para o ajudarem a comer, a vestir, para o verem fazer coisa. Esperando desta forma tentar entender um padrão comportamental.
Mais uma vez entende que o ser humano é muito complexo. Torna-se dificil tirar uma conclusão objectiva.
Os avós facilmente o ajudam e observam-no com entusiasmo. Revelam grandes capacidades humanas ao nível do altruismo, sendo capazes de ajudar as crianças quando assim solicitados.
A mãe reclama e nem sempre parece ser paciente, contudo ela também parece capacitada de tais qualidades.
O pai nega ajudá-lo promovendo sempre que o José faça as coisas sozinho. Contudo participa em brincadeiras e por vezes também o ajuda a vestir. Estranho que não em todas as situaçoes.
Quando não há muito tempo ele parece mais altruista do que quando tem tempo, aqui torna-se egoista. Enfim um ser muito estranho este meu pai.
José e Manuel - O José e o Manuel desempenham este estudo com afinco 24h por dia, com o objectivo de desvendar o comportamento humano.
Sendo ainda inconclusivo uma coisa verificaram. Os serem humanos são muito diferentes uns dos outros e com reacções muitas das vezes imprevisíveis.
Embora reconheçam que em muitos humanos consigam observar padres de comportamento, eles são muitas vezes ou sempre, personalidades paradoxais.
As primeiras conclusões apontam para o seguinte:
- Os humanos não são fiáveis
- Há comportamentos que sugerem graves problemas de memória
- O dia e a noite provocam grandes alterações aos humanos
- Quando o cócó passa a fralda e suja toda a roupa, os humanos ficam alterados (conclusão exclusiva do Manuel)
- Gritar parece ser sinónimo de impaciência
O estudo continua...
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