terça-feira, 6 de maio de 2008

Teologia...

Seria Jesus um judeu ortodoxo ?

O facto de Jesus poder ser considerado como a perfeita encarnação do ideal que floresceu na Índia com o budismo Mahayana é de singular importância. Mesmo nos pequenos detalhes, ele apresenta características do Bodhisattva ideal, delineadas no século III c.C., quando o Budismo abandonou o intimismo dos monges de Hinayana, para se tornar uma religião popular e universal. A existência terrena de um Bodhisattva é totalmente determinada pela sua missão de salvador, destinado a conduzir todas as almas no caminho recto da redenção dos sofrimentos humanos.
Apesar de todas as tentativas feitas no sentido de obscurecer a verdadeira origem dos ensinamentos de Jesus, e apesar da rigorosa canonização dos evangelhos, ainda encontramos mais de «cem passagens» claramente enraizadas na antiga tradição budista.
Antes, porém, de entrarmos nesta questão, é preciso salientar que Jesus nunca foi um judeu ortodoxo tradicional, como é geralmente apresentado. O modo como ele encarava a morte, a família, as mulheres e as crianças, é exemplo de como diferia da religião judaica tradicional.
Jesus é considerado o responsável pela desmistificação de tudo aquilo que era considerado sagrado na cultura judaica. É o que acontece, particularmente, no que se refere à morte e à família. Em quatro versículos sucesssivos, Lucas mostra-nos que Jesus colocava a liberdade e o amor acima dos rígidos costumes e ritos fúnebres: «Disse a outro: ‘Segue-me.’ Mas este respondeu: ‘Senhor, permite-me ir primeiro enterra o meu pai.’ Mas Jesus replicou: ‘Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus’» (Lucas,9,59-60). Também as relaçõse familiares assumem uma importância secundária: «E um outro disse-lhe ainda: ‘Senhor, eu te seguirei, mas permite-me primeiro que me despeça dos que estão em minha casa.’ Mas Jesus respondeu: ‘Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus’» (Lucas,9,61-62). Semrpe que os ensinamentos de Jesus tocavam em questões de família, acabavam por ferir os sentimentos judeus, como fez notar o judeu Montefiore. «Se alguém vem a mim e não aborrece a seu próprio pai e mão, mulher, filhos, irmãos, irmãs... não pode ser meu discípulo» (Lucas,14,26-27). «Aquele que ama o seu pai ou a mão mais do que a mim, não é digno de mim; e aquele que ama mais o seu filho ou a sua filha mais do que a mim, não é digno de mim» (Mateus,10,37). «Estando ainda a falar às multidões, a sua mãe e os seus irmãos estavam do lado de fora procurando falar-lhe. Jesus respondeu àquele que o avisou: ‘Quem é a minha mão, e quem são os meus irmãos?’ E, aopntando para os discípulos, disse: ‘Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos’» (Mateus,12,46-49). Este verdadeiro Jesus, em nome de quem foram realizadas tantas «cruzadas em prol da família», precisou de fugir do cerco da sua própria família que tentava sufocá-lo. Mateus, o evangelista dos judeus, cita ainda outra passagem de Jesus, que nunca tinha sido formulada e que escandalizou os judeus: «Com efeito vim contrapor o homem ao seu pai, a filha à sua mãe e a nora à sua sogra.» E, antecipando Freud, prosseguiu: «Em suma: os inimigos do homem serão os seus próximos familiares» (Mateus, 10,35-36).Actualmente existe uma crença muito difusa de que a atitude negativa de Jesus, diante da sacrossanta estrutura das relações familiares, constituiu, dentro do contexto cultural do seu tempo, um fenómeno sem precedentes. Mas não é este, precisamente, o ensinamento que conduz à total renúncia ao egoísmo e à autocomplacência, tanto em pensamento como em acção? Para ser digno da salvação o Homem deve despegar-se de todas as tendências pessoais e individualistas e superar a barreira dessas limitações egoístas. Enquanto o Homem não for capaz de se libertar das paixões e desejos terrenos, continuará sujeito ao ciclo das reencarnações. Jesus dava pouca importância aos ditames inúteis, vazios e inexpressivos da legislação judaica. O desprezo expresso pelas leis do sábado aacbou por conduzi-lo à cruz.

de Holger Kersten, em "Jesus vivei na Índia"

sábado, 3 de maio de 2008

Conhecimento Interior - A minha perspectiva

Após uma pequena reflexão sobre algumas conversas que tive sobre conhecimento, a importância de conhecer o outro…depressa percebi e enraizei que a importância maior está em nós mesmos. E no conhecimento do Eu.

Não vou fazer uma tese sobre o que será isso da busca do Eu, mas sim partilhar convosco e com quem queira também deixar o seu testemunho, da tomada de consciência que tive sobre querer…
Querer conhecer-me mais profundamente e colocar-me á prova...

Muitas vezes criamos expectativas irreais em relação a nós mesmos e caímos nos mesmos erros vezes sem fim… deixamo-nos afectar por coisas que não têm assim tanta importância, reagimos impulsivamente quando também não havia necessidade disso...Talvez a raiz do problema esteja no facto de não nos conhecermos a nós próprios, as nossas limitações, o que temos de melhorar em nós e como…
Apercebemo-nos...e ao logo do tempo tentamos olhar para dentro, de forma a conhecer o melhor e pior, o que nos faz ficar tristes ou alegres, o que nos faz reagir ou não e porquê, e tantas outras coisas que fazem de nós o que somos…

Acho que só quando nos conhecemos realmente podemos e conseguimos atingir o grau de felicidade que todos aspiramos. Podemos ter dinheiro, casa, amigos, a pessoa que gostamos ao nosso lado…Mas…é connosco que temos que viver toda a vida! Mesmo quando estamos longe de tudo! Nós continuamos ali…

São as nossas limitações, as nossas virtudes, as nossas emoções e reacções que temos que conhecer! Porque só assim podemos ser nós na realidade e não na irrealidade que é fruto do desconhecimento…

A importância deste conhecimento a meu ver vai mais além…permite-nos, quando o alcançamos, mostrar o que de melhor há em nós e que estava coberto de pó! Porque não lhe dávamos uso! Porque não sabíamos que o tínhamos!!!

E quantas vezes paramos para pensar em tudo isto?
A meu ver e falando por mim, poucas. Ficando com a certeza de que isso já está a mudar, porque ganhando consciência de todas estas coisas, é impossível ficar indiferente.
Eu pelo menos não o consigo fazer…quero testar, quero aprender, quero ter experiências maravilhosas e outras não tão boas que servirão para emendar erros e corrigir-me enquanto pessoa. Sempre consciente de que sou um ser humano e que a perfeição é algo distante e quase inatingível.