sexta-feira, 17 de abril de 2020

Filhos ou mestres - A verdadeira escola...

Há muito que me debato com o significado da vida. É um enigma para mim.

O que estamos realmente aqui a fazer?
Teremos um propósito, haverá realmente algo superior a nós?
Seremos apenas um produto do acaso?

Não tenho uma resposta que não possa ser refutada. Creio que niguém, ou quase ninguém a tem.
Creio que, de forma simplificada, a Fé é esta dúvida permanente em relação a nossa existência e que nos fere o ouvido. A Fé que brota desta dúvida lança-nos para a vida, com a força daquele que tudo quer conquistar. A Fé faz-nos andar, conhecer e descobrir, na esperança de um dia encontrar a resposta que todos procuram, qual o nosso verdadeiro propósito.

Na minha vida, tenho tentado, como muitos de nós, encontrar essa resposta. Através da observação, da simples vivência e comunicação, tenho tentado entender o significado da vida. A única coisa que me parece fazer aproximar da resposta é a sabedoria... Ora a sabedoria provém do entendimento e o entendimento adquire-se experienciando o conhecimento. O conhecimento procura-se e, valida-se ou não vivendo.

Acredito então que só vivendo, caminhando podemos, pouco a pouco ir encontrando algumas peças do puzzle. O que me leva aos meus filhos... Quando temos filhos dizemos obviamente que nos tornamos Pais. E que uma vez Pais, para sempre Pais...
Mas o que eu acho que acontece é que na realidade eu não sou Pai. O que aconteceu foi, que na minha eterna ignorância e juntamente com a minha mulher, gerei dois seres que se tornaram nos maiores mestres da minha vida! Não pretendo dizer isto com qualquer tipo de poesia, mas sim dureza. Pois estes mestres vieram mostrar-me o quão débil eu sou, quão limitado e o quanto tenho a aprender com eles. Vieram dizer-me que sou arrogante, impaciente e inflexível. Vieram dizer-me que não sou consistente nem o melhor exemplo...

Estes grandes mestres que coabitam comigo e que por vezes tenho a arrogância de chamar meus filhos, são-no apenas por convenção social. Pois na realidade são mais pais! Sim, eles são mais puros, mais humildes, mais pacientes e até permissivos. Eles suportam a minha ira, aceitam muitas vezes o que pode não ser justo. Eles, sim sabem e por isso não devem ser nunca subjugados ao papel redutor de filhos!

A partir de hoje serão considerados por mim os meus Mestres! Mesmo sem parecer merecer, eles surgiram e vieram até mim para me mostrar tudo o que tenho para crescer. Todos os que crescem acabam por sofrer, os meus mestres sabem também isso pois eles sofrem de dores físicas de crescimento. Já as minhas são hoje de outra ordem, pois nunca tive a luz para as desenvolver mais cedo.

Se um dia conseguir alcançar um pouco que seja do entendimento da vida, será certamente com a ajuda destes grandes mestres que no dia a dia me mostram o quão longe me encontro dessa resposta. Talvez um dia, quando aprender o que eles têm para me ensinar, possa apresentar-me com outra consciência. Até lá terei de ser humilde e atendo, pois o ensinamento é constante e não tem limite!

Aos meus mestres, obrigado e que possam sempre acompanhar-me neste meu percurso de crescimento